“Não compartilho meus pensamentos achando que vou mudar a cabeça de pessoas que pensam diferente. Compartilho meus pensamentos para mostrar às pessoas que já pensam como eu que elas não estão sozinhas." (autor desconhecido)

30 junho 2024

A minha poesia de domingo II

Incôngruo

O trem da Central adentrou
             o elevador escuro do arranha-céu,
subiu-lhe pelo esôfago fosso
              e lhe marcou com giz o céu da boca.

Retida entre a laringe e a faringe
              rugia a rude multidão do comboio,
salivando a cachaça ordinária
              bebida ontem no boteco do saloio.

O arranha-céu irritado, arrotou a caterva
              no ocidente da enegrecida e feia baía,
expeliu o trem para a estação à frente
              e voltou ligeiro ao seu dolce far niente.

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29 junho 2024

O dia em que quatro irmãos "da Guia" atuaram juntos em uma mesma partida

O dia 12 de maio de 1929 é histórico para o futebol do Bangu Atlético Clube, para o futebol carioca e para o futebol brasileiro.

Há porco mais de 95 anos, em um domingo - 12 de maio de 1929 - pela primeira e única vez na história do futebol brasileiro quatro irmãos participaram de uma mesma partida de futebol, jogando por um Clube da 1ª divisão do Campeonato do seu Estado, em uma competição oficial. 

Os irmãos Mamede Antonio da Guia (Médio), Luiz Antonio da Guia,
 Domingos  Antonio  da Guia  e Ladislau Antonio da Guia,  
em foto  rara  durante um treino do Bangu Atlético Clube.

Nesse dia o Bangu derrotou o São Cristóvão por 2 x 1, no Estádio da Rua Figueira de Melo, em partida válida pelo campeonato carioca daquele ano e estavam em campo os irmãos Luiz Antonio (Luiz Antonio da Guia), que entrou substituindo a Sá Pinto, Domingos (Domingos Antonio da Guia), Médio (Mamede Antonio da Guia) e Ladislau (Ladislau Antonio da Guia). Esse é mais um fato excepcional, protagonizado pelo Bangu Atlético Clube.

Ficha do Jogo:

Competição: Campeonato Carioca da Primeira Divisão.
Entidade Federativa: Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA).
Edição: 24º (amadorismo).
Jogo: São Cristóvão FR x Bangu AC (6ª Rodada - 1º Turno).
Data: Domingo, 12 de maio de 1929.
Local: Estádio da Rua Figueira de Melo.
Escalações dos times:
São Cristóvão FR - Balthazar;José Luiz e Sylvio; Waldo, Henrique, depois Bittencourt, e Ernesto; Tinduca, Doca, Armando, Arthur e Theophilo. Não havia Técnico.
Bangu AC - Nelson; Sá Pinto, depois Luiz Antonio, e Domingos; Zé Maria, Santanna e Eduardo; Plinio, Ladislau, Médio, Nicanor e Jaguarão. Não havia Técnico.
Gols: Médio (BAC), Armando (SCFR) e Médio (BAC), ambos no 1º tempo.
Expulsão(ões): Não houve.
Árbitro: Sr. Adherbal Bastos (do Botafogo).

Fontes: Bangu.NET / Wikipédia / ABI (Pte. I) / Blog do Marcão

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26 junho 2024

O esquecido Belvedere do Grinfo

Procurando no google fotos de Gordines, DKW’s, Fissores, Simcas e outros modelos nacionais da década de sessenta, me deparei com uma uma verdadeira preciosidade, cuja lembrança, confesso, já estava arquivada em algum remoto compartimento da minha memória: O Belvedere do Grinfo, na Rodovia Rio-Petrópolis.

Lembrei-me então que na minha adolescência, lá pelos anos 1960, quando ia à Petrópolis com os amigos, na volta parávamos no mirante para comermos os deliciosos salgadinhos que eram vendidos numa agradável lanchonete que havia no local. Naquela época a edificação estava em muito bom estado, com perfeito funcionamento da fonte trípice-circular que faz parte do conjunto arquitetônico. Era magnífico olhar em direção à baixada de Xerém e observar a tarde despedindo-se, enquanto às nossas costas a noite se anunciava.

Lembrei-me ainda que entre o final da década de setenta e o início da de oitenta, ia com meu fusca assistir jogos do Bangu contra o Serrano no Estádio Atílio Marotti e na volta observava da estrada o Mirante, já decadente.

Segundo pesquisei, a área circundante e o conjunto arquitetônico estão hoje, como toda a Rodovia, sob a administração da CONCER, que já havia declarado ter intenção de executar obras de melhoramento para revitalização do local. Não o fez!

Meu esquecimento do mirante foi tão profundo, que quando do tão divulgado anúncio do projeto de construção do Museu de Arte Contemporânea de Niterói e mais tarde quando da sua inauguração, não me chamou atenção a enorme semelhança do MAC com o charmoso Belvedere do Grinfo, nome emprestado da região de Petrópolis onde foi construído.

Oscar Niemeyer, em sua centenária existência, provavelmente deve ter passado muitas vezes pelo local, Se parou ou não no mirante não sei. Se admirou a leveza da sua arquitetura também não sei. O que me fascina é a possibilidade de que ao fluir das mãos do arquiteto os traços essenciais do projeto do MAC, uma abismal inspiração o houvesse tocado. A mesma inspiração que provavelmente também o tocou quando idealizou o Memorial da América Latina, com aquela mão sangrando, que lembra em muito a Open Hand Sculpture, em Chandigarh, na India, concebida por Le Corbusier, do qual Niemeyer foi discípulo.

Entendo que o museu de Niterói seja apenas um projeto a mais na fabulosa obra do arquiteto brasileiro. Mas é um projeto importante, não se pode negar. Diante disso, seria um belo presente para nosso patrimônio arquitetônico e cultural se os herdeiros de Niemeyer ou a Fundação que leva o seu nome, liderassem um movimento para uma plena recuperação do Belvedere do Grinfo, devolvendo-lhe a beleza original e transformando-o num centro cultural para preservação da memória do tradicional caminho do Rio de Janeiro para Petrópolis.

Esse artigo foi escrito originariamente em 18/05/2016.

*Fotos:



Belvedere do Grinfo - Projeto: Não identificado.
Para ver fotos clique AQUI.


Open Hand Sculpture - Projeto: Le Corbusier.
Para ver fotos clique AQUI.


Museu de Arte Contemporânea - Projeto: Oscar Niemeyer.
Para ver fotos clique AQUI.

Memorial da América Latina - Projeto: Oscar Niemeyer.

          Para ver fotos clique AQUI. 

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23 junho 2024

A minha poesia de domingo I

Uma sexta-feira, sábado adentro,  em 1968

Não sei bem que horas são
              (meu Roscoff parou às nove),

mas observando a minguante,
já bem altinha e clareante,

podem ser duas, duas e meia,
talvez  três, três e quinze,
hora de "levantar o acampamento"
              pois a vida não termina hoje.

Ainda que me agrade sobremodo
              o sopro delicado da noite fresca,
que leva para além da rua deserta
              meus relaxantes vapores etílicos,
impregnados desse rum ordinário
             que tanto me aviva a alma,
vou pedir a conta e "picar a mula",
que a hora é essa e o sono já chega.

Todavia já é madrugadinha,
não há mais lotação no ponto
              e no táxi vou deixar uns vinte mangos;
acho que vou a pé, nesse fresquinho.
Não, a pé os meganhas me arrocham
              ali pela curva da ponte velha;
Subtraem a minha grana e o meu Roscoff.

Melhor é negociar na pracinha
              uma corrida com o Dino, o pai,
pois com o Dino filho é doloroso;
talvez saia por quinze, dezessete...
É isso ou perder cento e trinta
              (o salário minguado da semana)
              para os meganhas degenerados
              e ainda levar uns sopapos doídos.

Espera... Olha que já me esquecia!
Posso muito bem passar a noite
              na casa da Zulmirinha, minha prima
              recém desquitada, que mora logo ali,
depois da subida do Cine Palácio.
Mas a prima deve estar dormindo
              e a insone tia Bilu não me recebe,
temerosa do apetite da filha.

Vou é logo falar com o Dino velho,
entrar no DeSoto cinquenta e um
              e cochilar no estofado amaciado,
tratado com benzina pelo florentino.
Dez minutos na estrada e pronto;
me safo dos meganhas cretinos,
de tocaia na curva da ponte velha
              e durmo tranquilo, pois já é sábado.

Rio de janeiro - RJ, Junho de 1968, Luiz Antonio Vila Flor

Minha poesia de domingo VI

Fuga Já vou indo, aproveito a pouca luz e o frescor da manhã             desse novo dia que já já se ilumina, pois o caminho é longo e sem v...